Base Nuclear Secreta – Localização desconhecida, Brasil
23h47min
As luzes vermelhas piscavam intensamente pelos corredores metálicos, acompanhados de sirenes estridentes. O cheiro de metal e ozônio pairava no ar, denso, sufocante. Nos monitores de segurança, gráficos alarmantes mostravam uma temperatura subindo rapidamente.
No centro da instalação, Dr. Joseph Menning e Dra. Luíza Maria Menning corriam contra o tempo. A fissura no núcleo do reator já havia sido identificada, mas agora a situação era crítica. O vazamento era real.
— O nível de radiação está subindo muito rápido! — disse Luíza, escrevendo freneticamente no console de controle. Seu coração disparava. Ela sabia o que aquilo fazia.
— Se não contivermos isso agora, toda a base será consumida! — Joseph exclamou, os olhos fixos no visor do contador Geiger, que disparavam em um frenesi de estática.
Uma equipe de cientistas e técnicos que estavam ali minutos antes já havia sido evacuados. Apenas os dois permanecem. Eles eram os responsáveis pelo projeto. Eles eram os únicos que podiam tentar impedir um desastre.
Joseph pegou um traje de contenção e olhou para Luíza.
— Temos que selar manualmente a fissura. É uma única chance.
Luíza hesitou por um instante. Sua mão instintivamente tocou sua barriga. Ela estava grávida de poucos meses. Mas não houve tempo para hesitação.
— Eu vou com você.
— Luíza, não! Você está...
— Estou aqui. Não vou te deixar. Vamos acabar com isso juntos.
Os dois entraram na câmara de acesso ao reator. O calor era insuportável. Vapor radioativo escapava por rachaduras microscópicas nas tubulações. O núcleo brilhava em um tom azul intenso, um brilho mortal e hipnotizante.
Joseph se ajoelhou ao lado da fenda e começou a trabalhar, suas mãos firmes apesar do suor que escorria por sua testa. Luíza monitorava os níveis de radiação pelo tablet.
— Está aumentando! Temos que selar agora! — ela falou, com a voz trêmula.
— Quase lá... — murmurou Joseph.
Mas então, o inesperado aconteceu .
Um estalo alto. Uma explosão de faíscas.
E então, o silêncio .
Por uma fração de segundo, parecia que o mundo havia parado. Mas logo em seguida, uma onda de choque atravessou a câmara, derrubando Luíza no chão. Ela sentiu um calor insuportável envolvendo seu corpo, como se estivesse sendo engolida por fogo líquido.
A última coisa que viu antes de perder a consciência foi Joseph sendo consumido por uma intensa luz branca.
— Joseph! — foi seu último grito antes da escuridão.
...
45 dias depois...
...Luíza abriu os olhos em um hospital militar. Seus pulmões ardiam, seu corpo estava exausto, mas, contra todas as probabilidades, ela estava viva .
— Doutora Luíza... não sabemos explicar, mas você sobreviveu a uma exposição fatal à radiação.
As palavras do médico soaram irreais. Ela deveria estar morta.
Mas então, ela lembrou. Joseph.
— Meu marido? Onde está meu marido?!
O silêncio na sala foi suficiente para dizer tudo. Seu coração se partiu em mil pedaços.
Mas quando levou a mão ao ventre, sentiu uma força diferente. Algo inexplicável.
Seu bebê estava vivo.
Contra toda lógica científica, ele havia sobrevivido.
E, dentro dela , algo mais havia mudado para sempre.
O silêncio no hospital militar era quase absoluto, quebrado apenas pelo bip ritmado dos aparelhos que monitoravam os sinais fornecidos por Luíza Maria. Após 45 dias de internação, os médicos não conseguiram explicar como ela havia sobrevivido à exposição intensa de radiações que matou seu marido instantaneamente. Grávida de três meses, qualquer prognóstico deveria ser reservado, mas contra todas as expectativas, tanto ela quanto o bebê estavam milagrosamente saudáveis.
A tragédia levou o governo brasileiro a agir rapidamente. Uma usina nuclear secreta, construída para o desenvolvimento de armamento nuclear, não poderia ser exposta ao público. Em uma tentativa de evitar escândalos e garantir o silêncio da cientista, o governo pagou uma indenização e garantiu sua aposentadoria com salário integral. Oficialmente, o caso seria tratado como um “acidente de laboratório”, e Luíza recebeu uma nova identidade de segurança nacional para evitar possíveis retaliações ou exposição.
Sozinha e agora viúva, Luíza decidiu retornar às suas raízes. Cosmópolis, no interior de São Paulo, era a cidade onde havia crescido, um lugar pacato e longe dos olhos curiosos do governo e da imprensa. Ali, encontrou o conforto da família e amigos de infância, e em uma madrugada chuvosa, deu à luz seu filho, Andrew Menning.


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