Supremum - A Noite da Virada -T1/E6

 


A noite da formatura tinha sido perfeita. Para Andrew, o sorriso de sua mãe era a maior recompensa por todos os anos de esforço. Ele havia dançado com Isadora, se divertido com Paulo e os amigos, e aproveitado cada momento sabendo que aquela seria uma despedida para muitos. Mas, ao mesmo tempo, era um novo começo.

Paulo, também, não poderia estar mais feliz. Caminhava ao lado de Camila, a garota que havia conquistado seu coração ao longo do último ano. Os dois seguiam pela calçada iluminada pela luz amarelada dos postes.

— Foi uma noite incrível — Camila sorriu, segurando a mão dele.

— Sim… Mas confesso que vou sentir falta disso tudo — Paulo respondeu.

Eles pararam em frente à casa dela. Camila se aproximou, olhando nos olhos dele.

— O que foi? — ele perguntou, meio sem jeito.

Ela apenas sorriu antes de puxá-lo para um beijo. Foi um momento breve, mas intenso, carregado de significado.

— Boa noite, Paulo — ela disse, entrando em casa.

Paulo ficou parado por alguns segundos, absorvendo tudo. Ele sorriu, passou a mão pelo cabelo e seguiu para o carro.

Mas, assim que entrou no veículo e ligou o motor, um calafrio percorreu sua espinha.

Olhando pelo retrovisor, notou uma van preta parada alguns metros atrás.

Seu coração acelerou.

Ele tentou se convencer de que era paranoia. Mas quando engatou a marcha para sair, a van avançou.

— Droga... — murmurou, sentindo o suor frio na nuca.

Acelerou, mas outro carro surgiu no cruzamento, bloqueando seu caminho. Ele freou bruscamente. Antes que pudesse reagir, a van parou ao lado e a porta lateral se abriu.

Três homens encapuzados saíram em disparada.

Paulo tentou sair do carro, mas um deles o agarrou. Ele reagiu, socando o primeiro e chutando o segundo. O terceiro, porém, apontou uma arma para ele.

— Se mexa e sua namoradinha será a próxima — a voz do sequestrador soou fria como gelo.

O corpo de Paulo paralisou.

Foi nesse momento que sentiu um pano úmido sendo pressionado contra seu rosto. Um cheiro forte invadiu suas narinas. Tentou lutar, mas suas forças foram esvaindo rapidamente.

A última coisa que ouviu antes de perder a consciência foi o ronco do motor da van desaparecendo na escuridão.


O Cativeiro

A dor de cabeça latejante foi a primeira coisa que Paulo sentiu ao acordar. Sua visão estava turva, e o gosto metálico na boca indicava que havia sido drogado. Tentou se mover, mas percebeu que estava amarrado a uma cadeira de metal.

O ambiente era frio, úmido e escuro, iluminado apenas por uma lâmpada fraca piscando no teto. O cheiro de mofo e ferrugem impregnava o ar.

Seu coração disparou.

Antes que pudesse entender onde estava, uma voz emergiu da escuridão.

— Finalmente acordou.

Paulo ergueu a cabeça, piscando para tentar enxergar melhor. Uma silhueta se destacava contra a escuridão. Um homem alto, vestido com um sobretudo escuro e uma máscara metálica cobrindo parte de seu rosto.

— Quem… quem é você? — Paulo tentou disfarçar o medo.

O homem inclinou a cabeça, como se estudasse sua presa.

— Isso não importa agora. O que importa… é quem é seu amigo. Andrew Menning.

O sangue de Paulo gelou.

Ele sabia.

Mas como?

— Não faço ideia do que você está falando — Paulo mentiu, tentando soar firme.

O homem soltou uma risada baixa e ameaçadora.

— Ah, sabe sim. E eu quero saber exatamente o que ele é.

Paulo mordeu o lábio. Ele sabia a verdade sobre Andrew.

Sabia que seu melhor amigo era diferente.

E sabia que jamais o trairia.

Mas agora, prisioneiro de um inimigo desconhecido, ele teria que encontrar uma forma de sobreviver… sem revelar o maior segredo de todos.

O destino de Andrew estava em jogo.

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