O carro avançava pela cidade em silêncio. O clima entre eles estava tenso.
Paulo segurava firme o volante, olhando pelos retrovisores a cada instante, ainda temendo que estivessem sendo seguidos. Isadora e Camila estavam inquietas no banco de trás, trocando olhares preocupados.
Por fim, Isadora quebrou o silêncio:
— Andrew… o que foi aquilo?
Ele respirou fundo. Precisava escolher bem suas palavras.
— Eu só me defendi.
Camila cruzou os braços. — "Só se defendeu"? Andrew, você esmagou uma arma com a mão!
Paulo apertou o volante. — Eu sabia que isso ia acontecer…
Andrew olhou para o amigo, franzindo o cenho. — Do que você tá falando?
Paulo suspirou. — Você sempre tenta esconder quem realmente é. Mas cedo ou tarde isso ia acontecer na frente delas.
Isadora tocou o ombro de Andrew, a voz preocupada:
— Andrew… o que você tá escondendo da gente?
Ele sentiu o peso daquelas palavras. Isadora merecia saber a verdade. Mas como contar algo assim?
— Eu… — Ele olhou pela janela, tentando organizar os pensamentos. — Eu não sou como as outras pessoas.
As meninas esperaram, ansiosas.
— Desde que eu era criança… eu percebi que tinha certas habilidades. Força, velocidade, resistência… coisas que ninguém mais conseguia fazer.
Camila piscou, confusa. — Você tá dizendo que… é um super-herói ou algo assim?
Andrew riu sem humor. — Não exatamente. Eu sempre tentei levar uma vida normal. Mas às vezes… é difícil esconder.
Isadora parecia processar tudo aquilo.
— Então… naquela vez, quando você me protegeu de um assalto… — Ela lembrou do episódio em que Andrew desarmou um ladrão com uma rapidez impossível.
Ele assentiu. — Eu usei meus poderes.
Ela passou a mão pelos cabelos, absorvendo a revelação.
— Meu Deus…
Camila, por outro lado, parecia fascinada.
— Isso é incrível! Quer dizer, você poderia ser tipo… um Superman da vida real!
Paulo pigarreou. — Ele prefere manter isso em segredo. Por motivos óbvios.
Isadora olhou nos olhos de Andrew. — E aqueles homens? Eles sabiam sobre você?
— Não. Eles estavam atrás do Paulo.
Todos olharam para Paulo, que desviou o olhar, inquieto.
— Vocês estavam investigando alguma coisa, não estavam? — Isadora concluiu.
Andrew e Paulo trocaram olhares. Não adiantava mais esconder.
— Sim — Andrew respondeu. — Nós descobrimos algo sério sobre gente perigosa. E acho que agora eles querem nos silenciar.
Camila arregalou os olhos. — Então vocês estão em perigo?!
— Não vamos deixar que nada aconteça com vocês — Andrew garantiu.
Isadora pegou na mão dele. — Eu confio em você. Mas não me deixe de fora, por favor.
Andrew sorriu para ela. — Eu prometo.
Paulo suspirou, ainda olhando pelo retrovisor.
— Só espero que a gente não tenha que lidar com mais problemas essa noite.
Mas algo no fundo de Andrew dizia que essa história ainda estava longe de acabar…
Um Jogo de Sombras
O silêncio no carro era pesado. Todos estavam tentando processar os acontecimentos daquele dia.
Paulo dirigia com cautela, atento a qualquer movimentação estranha. Andrew, sentado ao seu lado, mantinha os olhos na estrada, sentindo o peso da revelação que acabara de fazer. No banco de trás, Isadora e Camila ainda pareciam atordoadas.
Camila foi a primeira a falar:
— Então… o que vocês descobriram que fez esses caras irem atrás de vocês?
Paulo trocou um olhar com Andrew. Agora que suas namoradas estavam envolvidas, não dava mais para esconder.
— Nós estávamos investigando uns negócios estranhos ligados ao Grupo Cavalieri — Paulo disse. — Transferências suspeitas, movimentação de cargas sem registro…
Isadora arqueou as sobrancelhas. — O Grupo Cavalieri? Mas eles não são uma das maiores empresas do país?
— São — Andrew respondeu. — E é exatamente por isso que é estranho. Empresas desse porte não fazem negócios no escuro… a menos que tenham algo a esconder.
Camila cruzou os braços. — E como vocês descobriram isso?
— Um contato meu me passou algumas informações — Paulo disse. — Mas parece que alguém ficou sabendo que a gente andou fuçando…
— E enviaram aqueles caras pra te calar — Isadora completou.
Andrew assentiu. — É o que parece.
O clima no carro ficou ainda mais pesado. Camila abraçou os próprios braços.
— Isso é muito perigoso, Paulo. E se eles tentarem de novo?
Paulo suspirou. — Agora que eles sabem que não somos alvos fáceis, podem pensar duas vezes antes de agir.
Isadora olhou para Andrew. — E você? Como vai lidar com isso?
Ele apertou os punhos. — Eu não vou deixar que eles machuquem ninguém.
Paulo olhou pelo retrovisor. — Isso significa que vamos continuar investigando?
Andrew pensou por um momento. Aquilo já tinha passado dos limites. Mas agora, sabendo que o Grupo Cavalieri estava envolvido, ele precisava descobrir a verdade.
— Sim — ele disse, decidido. — Vamos até o fim.
Paulo sorriu de canto. — Achei que fosse dizer isso.
Mas Isadora não parecia tão convencida.
— Andrew, você precisa tomar cuidado…
Ele pegou na mão dela, tentando transmitir segurança.
— Eu prometo que vou.
Mas, no fundo, ele sabia que essa investigação podia levá-los a algo muito maior… e muito mais perigoso.
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