Supremum - O Jogo Começa -T1/E15

 


A tarde caía quando Andrew e Paulo se encontraram novamente, dessa vez na praça central de Cosmópolis. O local era movimentado, com famílias passeando e crianças brincando, um contraste absoluto com o peso da investigação que carregavam nos ombros.

— A gente precisa ser mais esperto a partir de agora — Andrew disse, sentado em um dos bancos. — O seu pai já suspeitou hoje de manhã, e se ele descobrir o que estamos fazendo, estamos ferrados.

Paulo assentiu, mexendo no pen drive no bolso.

— Concordo. Mas não podemos parar agora. Se a Tentáculos está infiltrada no Grupo Cavalieri, significa que tem algo muito grande rolando nos bastidores.

Andrew olhou ao redor, garantindo que ninguém estivesse perto o suficiente para ouvi-los.

— A questão é: como a gente investiga sem se meter em mais perigo?

Paulo abriu um pequeno sorriso.

— Eu já pensei nisso. A gente precisa de mais informações, certo? Então vamos onde tem informação.

Andrew arqueou uma sobrancelha.

— Isso foi uma tentativa de me fazer perguntar “onde”?

— Exatamente.

— Tá bom… onde?

Paulo se inclinou um pouco para frente, abaixando o tom de voz.

— Meu pai sempre diz que, quando quer descobrir algo, vai atrás das fontes certas. E as melhores fontes… são os arquivos da própria polícia.

Andrew arregalou os olhos.

— Você quer invadir o sistema da polícia?!

— Ei, não assim! — Paulo levantou as mãos. — Mas eu conheço um cara. Ele tem acesso a algumas informações restritas. Consegue puxar relatórios que nem aparecem nos sistemas comuns.

Andrew cruzou os braços.

— Isso ainda parece uma péssima ideia.

— Você quer respostas ou não?

Andrew suspirou.

— Tá. Quem é esse cara?

— Um hacker que trabalha pro jornalismo investigativo da TV Global. Ele se chama Cássio.

Andrew ficou em silêncio por um momento. A TV Global era um dos principais veículos de comunicação do país… e pertencia ao Grupo Cavalieri.

— E se ele for um deles? — Andrew perguntou.

— Já pensei nisso também. Mas Cássio não trabalha diretamente para a Cavalieri. Ele é do setor investigativo, tem fama de expor corrupção e coisas do tipo.

Andrew ponderou. Ainda parecia perigoso, mas a essa altura não tinham muitas opções.

— Certo. Como a gente encontra esse cara?

Paulo sorriu.

— Já marquei com ele. Hoje à noite.

Andrew piscou.

— Você é rápido demais com essas coisas.

— Eu chamo de eficiência.

Andrew riu, balançando a cabeça.

— Isso ainda pode dar muito errado…

— Então vamos torcer pra dar certo.

Horas Depois – O Contato

Já passava das dez da noite quando Andrew e Paulo chegaram ao local marcado: um café 24 horas, discreto e com poucas pessoas.

Eles entraram e se sentaram a uma mesa nos fundos. Pouco tempo depois, um homem de jaqueta preta e óculos escuros entrou e foi direto até eles.

— Vocês são os moleques doidos que querem brincar de detetive? — ele perguntou, sentando-se sem esperar convite.

Paulo sorriu.

— E você é o Cássio.

O hacker tirou os óculos, revelando olhos afiados e um semblante de quem já viu coisa demais.

— Escutem, eu não costumo ajudar amadores, mas Paulo disse que vocês têm algo grande. Então… o que é?

Paulo puxou o pen drive do bolso e colocou na mesa.

— Meu pai, que é investigador da polícia, está analisando isso. Pegamos alguns relatórios sigilosos.

Cássio pegou o dispositivo e olhou para eles.

— Vocês invadiram os arquivos do seu pai?

— Digamos que encontramos uma brecha.

O hacker riu.

— Gostei de vocês. Corajosos. Ou burros.

Ele conectou o pen drive ao laptop que trazia na mochila.

Os minutos passaram em silêncio enquanto ele analisava os arquivos. Seu rosto, antes despreocupado, foi ficando sério.

— Isso é pesado… — murmurou.

— O que exatamente? — Andrew perguntou.

Cássio olhou para eles.

— Vocês têm noção do que é a Tentáculos?

— Sabemos que é uma organização infiltrada em grandes corporações e órgãos do governo.

O hacker soltou um riso fraco.

— Isso é só a superfície. A Tentáculos está em tudo. Política, economia, segurança, tecnologia… Eles não só influenciam, eles controlam.

Andrew e Paulo se entreolharam.

— E o Grupo Cavalieri? — Paulo perguntou.

Cássio suspirou.

— Parece que alguém dentro do grupo tem ligações diretas com eles. Mas os arquivos que vocês têm são só fragmentos. Isso é só um pedacinho do iceberg.

Andrew cruzou os braços.

— E como conseguimos o resto?

O hacker fechou o laptop.

— Se querem descobrir mais, vão precisar de acesso direto ao Grupo Cavalieri.

Paulo franziu a testa.

— Como a gente faz isso?

Cássio sorriu.

— Vocês não fazem. Eu faço.

Andrew ficou em alerta.

— Espera. Isso não pode te colocar em perigo?

O hacker deu de ombros.

— Perigo é parte do meu trabalho. Mas vou precisar de algumas horas. Amanhã de manhã, entro em contato.

Os dois assentiram.

— E mais uma coisa — Cássio disse, sério. — A partir de agora, tomem muito cuidado. Se a Tentáculos estiver de olho em vocês… não vai demorar pra fazerem uma visita.

Aquela frase ficou ecoando na mente dos dois enquanto deixavam o café.

Mal sabiam que a visita viria mais rápido do que imaginavam.

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