Supremum - O Jogo Fica Sério -T1/E16

 


A manhã seguinte amanheceu fria e estranhamente silenciosa. Andrew não conseguiu dormir direito, sua mente ainda girando com tudo que descobrira na noite anterior. A Tentáculos estava infiltrada em todos os lugares que importavam. Mas o que isso significava para eles?

Seu celular vibrou no criado-mudo. Ele pegou o aparelho e viu o nome de Isadora na tela.

— Oi, Isa…

— Andrew! — a voz dela estava trêmula, tomada pelo pânico. — A Camila sumiu!

Ele se sentou na cama num pulo.

— O quê?! Como assim?

— A gente ia no shopping hoje cedo, lembra? Eu passei na casa dela pra buscar, mas ela não atendeu. O telefone tá desligado, e os pais dela disseram que ela saiu ontem à noite… e não voltou!

O coração de Andrew disparou.

— Ontem à noite? Mas pra onde ela foi?

— Eles não sabem! Disseram que ela saiu só pra dar uma volta e não voltou pra casa.

Andrew sentiu um calafrio percorrer sua espinha.

"Isso não pode ser coincidência."

— A gente precisa do Paulo.

Ele ligou para o amigo, que atendeu no segundo toque.

— Me diz que isso não tem a ver com a Camila… — Paulo falou antes mesmo que Andrew pudesse dizer qualquer coisa.

— Você já sabe?

— Sim! O Cássio me mandou uma mensagem esquisita. Ele disse que alguém tentou rastrear os acessos dele aos arquivos da Tentáculos… e que a gente devia ficar atento.

Andrew sentiu um nó no estômago.

— Você acha que isso tem a ver com a Camila?

— Eu tenho certeza.

Isadora, ouvindo tudo, ficou ainda mais nervosa.

— Então quer dizer que ela foi sequestrada?

Andrew hesitou antes de responder.

— Eu não sei… Mas não foi um simples sumiço.

Paulo respirou fundo.

— Vou encontrar vocês na lanchonete da esquina da casa da Camila em dez minutos.

Andrew desligou e olhou para Isadora.

— Vamos descobrir o que aconteceu.

Ela assentiu, mas a preocupação em seu rosto era evidente.

Se a Tentáculos realmente tinha levado Camila, então estavam jogando um jogo muito mais perigoso do que imaginavam.

E o tempo estava correndo.

Andrew e Isadora correram até a lanchonete combinada, onde Paulo já os esperava do lado de fora, encostado no carro. Seu rosto estava tenso, e ele segurava o celular como se esperasse uma bomba explodir a qualquer momento.

— Alguma novidade? — Andrew perguntou, sem fôlego.

Paulo balançou a cabeça.

— Ainda nada da Camila, mas recebi mais uma mensagem do Cássio. Ele disse que a movimentação suspeita nos arquivos da Tentáculos veio de um IP da nossa cidade.

Andrew franziu a testa.

— Então alguém daqui estava tentando esconder alguma coisa?

— Exatamente. E pior… — Paulo olhou ao redor, como se checasse se estavam sendo observados, e então sussurrou: — Os dados acessados tinham a ver com o Grupo Cavalieri.

Andrew sentiu seu estômago afundar.

— Isso só confirma o que a gente já suspeitava… Tem alguma coisa muito errada acontecendo.

Isadora cruzou os braços, nervosa.

— Isso não explica o que aconteceu com a Camila! A gente precisa encontrá-la antes que seja tarde demais.

Paulo assentiu.

— Concordo. Mas não podemos agir feito idiotas. Eu estava pensando… se alguém invadiu os servidores da Tentáculos por aqui, isso significa que eles estão na cidade. E se estão aqui, devem ter deixado rastros.

Andrew refletiu por um segundo.

— Você acha que tem como descobrir quem fez isso?

Paulo sorriu de canto.

— Com certeza. E eu sei exatamente quem pode ajudar…

Andrew entendeu na hora.

— Seu pai.

O sorriso de Paulo desapareceu.

— Sim… mas sem que ele saiba.

Isadora olhou de um para o outro, confusa.

— Como assim?

Paulo suspirou.

— Meu pai tem acesso a informações privilegiadas. Ele é investigador da Polícia Civil e, com certeza, já deve ter ouvido falar da Tentáculos. Se eu conseguir mexer no computador dele sem que ele perceba, posso puxar algumas informações sobre qualquer atividade suspeita relacionada à organização.

Andrew cruzou os braços, ponderando.

— E como você pretende fazer isso sem ser pego?

Paulo deu um meio sorriso.

— Eu tenho um plano… mas vamos precisar da sua ajuda, Isadora.

Ela arregalou os olhos.

— Minha?!

— Sim. Você precisa distrair meu pai enquanto eu entro no sistema.

Andrew coçou a nuca.

— Isso parece perigoso.

— E é — Paulo admitiu. — Mas é a nossa melhor chance.

Isadora respirou fundo.

— Tá… e o que eu tenho que fazer?

Paulo olhou para ela com um brilho travesso nos olhos.

— Seja educada, simpática e faça perguntas sobre investigações antigas. Meu pai adora contar casos antigos.

Isadora bufou.

— Ótimo… vou ser babá de investigador.

Paulo riu.

— Melhor do que ser pega espionando, né?

Andrew olhou para os dois.

— Certo. Mas precisamos ser rápidos. Quanto menos tempo a gente ficar exposto, melhor.

Paulo assentiu.

— Então vamos lá.

E, com isso, eles entraram no carro.

Se tudo desse certo, eles encontrariam Camila antes que fosse tarde demais.

Mas se falhassem… poderiam ser os próximos a desaparecer.

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