Supremum - Sinais Estranhos - T2/E4

 


O sol da manhã filtrava-se pelas janelas do auditório da faculdade de Direito, onde Andrew, Paulo e Isadora assistiam à aula de Direito Constitucional. O professor falava com entusiasmo sobre os fundamentos da Carta Magna, mas, para Andrew, tudo parecia mais um eco distante.

Ele já tinha lido aquele livro três vezes — em minutos. Literalmente. Sua mente, afiada pela memória eidética e turbinada por sua supervelocidade cognitiva, absorvia e processava informações como uma máquina. Era por isso que, mesmo sem passar horas estudando como Paulo e Isadora, tirava sempre notas impecáveis.

Mas, naquele dia, seu foco estava longe dali.

Desde o acampamento, quando decidira mostrar a verdade para seus três melhores amigos, algo dentro dele mudara. Eles o aceitaram. Não apenas isso — Paulo estava fascinado, Isadora emocionada, e Camila maravilhada, embora também preocupada. Andrew sentira um peso saindo de seus ombros. Finalmente, ele podia ser... ele mesmo. Pelo menos com eles.

Isadora, sentada ao seu lado, o olhava de canto com um sorrisinho. Sabia que ele estava viajando nos pensamentos.

— “Tá pensando em sair voando por aí, herói?” — ela sussurrou, divertida.

Andrew desviou o olhar para ela e franziu a testa, tentando esconder o sorriso. — “Tô pensando em manter os pés no chão. Literalmente.”

Mais à frente, Paulo rabiscava o caderno com diagramas esquisitos. Era algo que ele vinha fazendo desde o acampamento: tentando entender como os poderes de Andrew funcionavam, como ele poderia melhorar, treinar, ou... se proteger. Paulo levava isso a sério.

Mas foi em outro lugar do campus que algo estranho estava prestes a acontecer.

Centro de Ciências da Saúde – Bloco de Medicina

Camila, no laboratório de anatomia, usava luvas de látex e avental branco, junto com os colegas, para observar estruturas musculares num modelo anatômico. Mas enquanto os outros discutiam nomes técnicos, ela olhou de canto e percebeu algo diferente.

Do lado de fora da janela, havia um homem de jaleco parado no corredor. Ele não era de sua turma — disso ela tinha certeza. Estava imóvel demais, olhando fixamente para dentro da sala, como se procurasse por alguém.

Camila franziu a testa.

Quando piscou... ele havia sumido.

Tentou voltar à aula, mas algo no estômago revirou. Nas últimas semanas, quatro estudantes haviam simplesmente desaparecido. Dois eram da Medicina. O campus inteiro comentava, embora as autoridades insistissem em “fugas voluntárias”, “depressão”, ou “problemas familiares”.

Mas Camila não engolia isso.

Assim que a aula terminou, tirou as luvas, guardou os materiais e saiu apressada. Precisava falar com os outros.

Na saída da aula de Direito

— “Ei, precisamos conversar.” — Camila surgiu diante dos três, com o rosto tenso.

— “O que foi?” — Paulo perguntou.

Ela olhou em volta, baixando a voz: — “Acho que estão espionando a gente. Ou pior: acho que sabem sobre o Andrew.”

O grupo se entreolhou.

— “Como assim?” — Andrew perguntou, o tom já mais firme.

— “Eu vi um homem no corredor. Ele não era da universidade. Tava observando minha turma. Quando percebi e olhei de novo, ele sumiu. Me arrepiou inteira.”

— “Você acha que tem relação com os desaparecimentos?” — Isadora perguntou, cruzando os braços, preocupada.

Camila assentiu. — “E se não forem desaparecimentos normais? E se forem... abduções? Experimentos?”

Paulo arregalou os olhos. — “Aquela parada no acampamento... será que não fomos vistos?”

Andrew sentiu um calafrio percorrer a espinha. Ele havia se revelado em plena floresta, à noite, disparando uma rajada de energia verde em uma rocha. Mesmo com os cuidados, não havia como garantir que ninguém vira.

— “Talvez... seja hora de começarmos a investigar de verdade.” — ele disse.

— “Tem um lugar onde podemos começar.” — Paulo sugeriu. — “O sistema interno da universidade. Eu e Isa conseguimos acesso à biblioteca jurídica, e ela tem acesso restrito aos arquivos administrativos.”

Isadora assentiu, determinada. — “Tem muita coisa mal explicada nesses sumiços. Tem algo grande acontecendo por trás da fachada acadêmica.”

Andrew olhou para cada um deles, seus três aliados. Seus três amigos.

— “Então vamos descobrir. E se alguém estiver caçando alunos como eu... a gente vai impedir.”

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